Por Tatiane Lima
A abertura da 21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia da Fiocruz contará com uma convidada muito especial: a professora e pesquisadora Rosy Isaias, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Em 15 de outubro (terça-feira), às 13h30, ela ministrará a palestra ‘Mulher negra e cientista: padrão ou exceção?’ em um evento híbrido realizado no Auditório do Museu da Vida Fiocruz (RJ). A mesa de abertura contará com transmissão ao vivo para o YouTube da Fiocruz. Assista aqui.
Rosy Isaias conversará com o público sobre sua trajetória pessoal e sobre suas pesquisas envolvendo a preservação dos biomas brasileiros e o papel da ciência na sustentabilidade ecológica. A mediação da palestra é de Hilda Gomes, coordenadora da Coordenação de Equidade, Diversidade, Inclusão e Políticas Afirmativas (Cedipa/Fiocruz). A programação do evento inclui ainda uma mesa de abertura composta pelo presidente da Fiocruz Mario Moreira, pela Vice-Presidente de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz) Cristiani Machado, pela coordenadora de Divulgação Científica da Fiocruz Cristina Araripe, pelo diretor da Casa de Oswaldo Cruz Marcos José de Araújo, e pela coordenadora do GT SNCT e chefe do Museu da Vida Fiocruz Ana Carolina Gonzalez. Também estarão presentes representantes do Sindicato Nacional de Trabalhadores da Fiocruz (Asfoc) e da Associação de Pós-graduandos da Fiocruz.
Professora titular da UFMG, Rosy Isaias é uma das mais importantes pesquisadoras do país. Ela é a primeira mulher negra a alcançar a posição de bolsista de produtividade Nível 1A no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o mais alto nível de reconhecimento acadêmico do país. “Quando eu soube que ganhei a bolsa, eu tive duas reações: a primeira foi ficar catatônica e a segunda foi pensar no que isso representaria para meus pares e para meninas e mulheres negras na ciência”, revelou, destacando a importância de sua presença e trajetória como inspiração para outras mulheres negras no campo das ciências.
Uma vida dedicada à pesquisa científica
Seu trabalho na área da botânica está diretamente relacionado ao tema da edição 2024 da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), ‘Biomas do Brasil: diversidade, saberes e tecnologias sociais’.. Formada em Ciências Biológicas pela Universidade Santa Úrsula, com mestrado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutorado pela Universidade de São Paulo, Rosy dedicou sua trajetória à pesquisa de interações entre plantas e organismos galhadores. As galhas são infecções causadas nas plantas por insetos parasitas. Os organismos galhadores são responsáveis por causar danos as plantas, como desnutrição, baixa produção de energia (redução da fotossíntese) e de frutos e sementes. Ressalta-se que o controle inadequado ou indiscriminado desses organismos pode prejudicar o equilíbrio ecológico, afetando outros insetos ou animais benéficos.
Além das pesquisas sobre parasitismo em plantas, a botânica costuma relacionar a sobrevivência e manutenção dos ecossistemas a partir dos microorganismos presentes nos vegetais. O estudo dos biomas pode ser abordado a partir de diferentes perspectivas, como a análise climática, a observação da fauna e o impacto da intervenção humana. A perspectiva adotada por Isaias é sobre como a interação das plantas com esses fatores desempenha um papel fundamental na compreensão dos biomas. Suas pesquisas tratam da in “Falar sobre biomas é falar da nossa sobrevivência”, pontuou. “A gente precisa das plantas para sobreviver. Precisamos das plantas para filtrar a água, para respirar. A gente vive sem água potável? A gente vive sem respirar?”, questionou, ressaltando a interdependência entre o meio ambiente e a vida humana.
Rosy Isaias falou sobre a necessidade de uma mudança radical na forma como os seres humanos se relacionam com a natureza. Segundo ela, o atual modelo de exploração dos recursos naturais está ameaçando diretamente a sobrevivência da humanidade. “Temos que parar de olhar com essa visão antropocêntrica, acreditando que somos os homo sapiens superiores a todas as outras espécies”, afirmou, criticando a ideia de que a humanidade tem o direito de subjugar os outros seres vivos e ecossistemas. Ela defendeu que é essencial repensar essa relação, valorizando a biodiversidade e respeitando os limites da natureza.
A cientista também ressaltou a importância dos santuários ecológicos, destacando que certas áreas precisam ser preservadas de forma absoluta, distante de qualquer forma de exploração. Para a bióloga, a sustentabilidade deve ser vista de forma crítica. Ela destaca que, em alguns casos, a exploração de recursos naturais não é uma solução viável. “Quando a gente fala em usar o cerrado de forma sustentável, a gente precisa entender que nem tudo pode ter um uso sustentável, algumas coisas precisam permanecer intocáveis”, afirmou.
No evento de abertura da 21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia na Fiocruz, Isaias espera ter sua voz ouvida: “Minha expectativa é que as pessoas estejam abertas a ouvir qual é a posição de uma mulher negra que esteja nesse lugar”. Rosy se destaca pela defesa da diversidade e inclusão na ciência, especialmente no que diz respeito à representatividade feminina e negra. Sem dúvida, a presença da pesquisadora no evento será marcada pela leveza que traz para sua vida. Em seu tempo livre, ela se dedica a atividades como cantar no coral Cantáridas do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, fazer aulas de piano e praticar crochê.
A SNCT na Fiocruz é o maior evento de divulgação e popularização da ciência, da tecnologia e da inovação do Brasil, abordando o desenvolvimento de pesquisas nesse campo sempre de forma lúdica e atrativa. Além das mais de 100 atividades inscritas para o campus Fiocruz Maré-Manguinhos (RJ), a instituição também oferecerá ao público dezenas de outras atividades em suas unidades regionais. A 21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia na Fiocruz conta com parceria da Pró-Reitoria de Extensão | PR-5 da UFRJ e Sesc Rio, além do apoio do CNPq. A realização é da Fundação Oswaldo Cruz, Ministério da Saúde e Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
A programação completa está disponível no site: snct.fiocruz.br.
Detalhes do Evento
21º Semana Nacional de Ciência e Tecnologia na Fiocruz
Tema: “Biomas do Brasil: diversidade, saberes e tecnologias sociais”
Local: Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Rio de Janeiro
Datas: 15 a 19 de outubro
Horário da mesa de abertura: 15 de outubro às 13h30
Mesa de abertura
Mario Moreira, presidente da Fiocruz
Cristiani Machado, vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz)
Cristina Araripe, coordenadora de Divulgação Científica
Marcos José de Araújo, diretor da Casa de Oswaldo Cruz
Ana Carolina Gonzalez, coordenadora do GT SNCT e chefe do Museu da Vida Fiocruz
Representantes do Sindicato Nacional de Trabalhadores da Fiocruz (Asfoc) e da Associação de Pós-graduandos da Fiocruz
Palestra: Mulher negra e cientista: padrão ou exceção?
Convidada: Rosy Isaías, bióloga e professora universitária
Mediação: Hilda Gomes, coordenadora da Cedipa/Fiocruz
Mais informações: snct.fiocruz.br.
Entrada gratuita
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