Por Tatiane Lima
A 20ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia na Fiocruz celebrou os 20 anos de participação nesta iniciativa do Governo Federal. Entre os dias 17 e 20 de outubro de 2023, diversas unidades da Fiocruz de todo o país receberam milhares de estudantes, pesquisadores e público em geral em uma programação que combinou ciência, arte e cultura com um enfoque especial na sustentabilidade. Sob o tema “Ciências básicas para o desenvolvimento sustentável”, foram realizadas rodas de conversas, oficinas, palestras, peças teatrais, jogos e muito mais. Ao todo, foram cerca de 160 atividades realizadas na Amazônia, em Brasília, no Ceará, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, em Rondônia, no Paraná, em Pernambuco e no Piauí. Só no Rio de Janeiro, a Fiocruz reuniu mais de 3 mil pessoas. Às vésperas da realização da 21ª edição, que acontece de 15 a 19 de outubro de 2024, vamos relembrar alguns momentos especiais da edição anterior?
Campus Manguinhos: muitas atividades
No Campus Fiocruz Manguinhos, a mesa de abertura oficial do evento foi marcada por importantes reflexões proporcionadas pela historiadora e doutora em História da Ciência e da Saúde pela Fiocruz Diadiney Helena de Almeida. Almeida é da etnia pataxó e falou sobre inviabilidade, apagamentos e cosmovisão indígena na palestra ‘Rios de conhecimentos: demarcando a ciência com as vozes indígenas’.
Nos quatro dias de evento, mais de 3 mil pessoas passaram pelo campus Manguinhos. Na Feira de Ciência, o projeto Ecotroca orientou sobre o descarte adequado de materiais como óleo de cozinha e tampas plásticas. No estande da SNCT na Fiocruz, as integrantes do projeto Estrelas do Mandela, que incentiva a prática de esportes entre meninas, arrecadaram materiais para reciclagem, cuja venda financia a compra de chuteiras e bolas de futebol.
Uma das atividades mais atrativas para as crianças durante o evento foi a “Voa Passarinho”. Conduzida por Maria Penha, arte-educadora e ex-aluna da especialização em Ciência, Arte e Cultura na Saúde do Instituto Oswaldo Cruz, a atividade apresentou a história de um passarinho que depende de uma árvore para sobreviver, enquanto esta se beneficia da presença do animal. No estande, “Supercomputadores em ação na saúde” o público teve a oportunidade de conhecer de perto um supercomputador, que apresenta uma capacidade de armazenamento 225 vezes superior à de notebooks domésticos.
O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) montou um estande que funcionou como um minilaboratório para o projeto “Reconquista das Altas Coberturas Vacinais”. Os participantes puderam interagir com Zé Gotinha, assistir a uma animação sobre vacinas apresentada pelo Dr. Akira Homma e explorar a exposição virtual “Vacina! Ciência Protegendo Vidas”.
O Serviço Social do Comércio (Sesc) do Rio de Janeiro promoveu quatro atividades lúdicas em parceria com a Fiocruz: “Cartas para Carolina, Caminho das Ciências”, “Em cada canto um canto”, “Geomaker” e “MATLAB.” Alunos e professores do Sesc também participaram da Feira de Ciências. Dentre outras atividades realizadas no campus, estão a participação no evento de professores e alunos da Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente, à convite da presidência da Fiocruz. Eles estiveram no espaço da Feira de Ciência e Tecnologia da SNCT para conversar sobre sustentabilidade, ciência, ecologia e a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).
SNCT na Fiocruz e em todos os lugares
Além de atividades na sede, a Fiocruz realizou diversas ações territoriais em outros municípios do Estado do Rio de Janeiro. Em parceria com algumas instituições locais, o Museu da Vida Fiocruz levou o caminhão do Ciência Móvel ao Sesc São Gonçalo. A Fiocruz participou ainda do II Encontro de Educação Popular, realizado no Pré-Vestibular para Negros e Carentes (PVNC) em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
No evento, temas como os impactos do Novo Ensino Médio e as dificuldades trazidas pela pandemia de Covid-19 na educação foram amplamente discutidos. No Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu, os visitantes percorreram trilhas e exploraram as riquezas naturais da região. Essas atividades ajudaram a conectar a educação ambiental com o cotidiano dos jovens, especialmente os que vivem próximos a áreas de preservação, como a Reserva Biológica do Tinguá.
Promovendo a integração entre arte e ciência, a 20ª SNCT na Fiocruz contou ainda com uma vasta programação cultural. O espetáculo teatral ‘O rapaz da Rabeca e a moça Rebeca’ foi um dos destaques, abordando de forma lúdica e educativa temas como as infecções sexualmente transmissíveis, com ênfase em HIV/Aids. A peça foi apresentada em diferentes espaços, incluindo o Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro (Iserj) e a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Além das apresentações teatrais, o evento incluiu exposições científicas itinerantes e oficinas em escolas de Queimados, Mesquita, Nova Iguaçu e Seropédica. As exposições abordaram, dentre outros temas, a história de importantes cientistas, como Oswaldo Cruz e Carlos Chagas.
Atividades em unidades espalhadas pelo país
Uma novidade da SNCT 2023 na Fiocruz foi a participação inédita da Fiocruz Mata Atlântica (RJ) no evento. A unidade já chegou causando impacto com um passeio especial em que os visitantes puderam conhecer o bioma da Mata Atlântica.
Do outro lado do Brasil, a Fiocruz Amazônia levou uma série de atividades ao Campus Tabatinga do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM). Estudantes do ensino técnico participaram de oficinas práticas como “Extração de DNA do Morango” e “Tipagem Sanguínea”, que despertaram o interesse dos jovens por temas como biotecnologia e genética. Além das oficinas, a unidade também promoveu rodas de conversa com jovens cientistas, incentivando a participação feminina nas ciências e destacando a trajetória de pesquisadoras da região. Uma das iniciativas mais elogiadas foi a animação “Heliana – A menina que quer ser cientista”, que narrou a história de uma jovem amazônica apaixonada pela natureza que realiza seu sonho de se tornar cientista e retorna à sua comunidade para compartilhar seus conhecimentos.
Já a Fiocruz Brasília promoveu o evento ‘Saúde e Inovação Social’, que contou com a participação de estudantes, pesquisadores e membros da comunidade local. As atividades incluíram oficinas sobre alimentação saudável, saneamento básico e inovação em saúde pública. O programa Ciência Cidadã foi apresentado, mostrando como a Fiocruz tem trabalhado para incluir a população no processo de pesquisa científica, promovendo uma maior interação entre ciência e sociedade.
Localizada em Curitiba (PR), a Fiocruz Paraná realizou uma visita guiada aos laboratórios de biotecnologia e promoveu a oficina interativa ‘DNA e Genética para Todos’, permitindo aos estudantes entenderem de forma lúdica os princípios básicos da biotecnologia. A unidade também realizou workshops sobre o uso de tecnologia em saúde e meio ambiente, com destaque para a apresentação de novas pesquisas na área de vacinas e medicamentos.
Na Fiocruz Piauí, foram realizadas atividades sobre saneamento básico, controle de zoonoses e promoção da saúde em áreas rurais. Uma das oficinas de maior impacto foi ‘Água e Saúde: o que podemos fazer?’, que abordou práticas sustentáveis de manejo da água e destacou a importância de hábitos saudáveis para a prevenção de doenças. Além das oficinas, a unidade realizou uma exposição interativa sobre a biodiversidade do semiárido nordestino e suas relações com a saúde humana. Alunos da rede pública tiveram a oportunidade de conhecer espécies locais e discutir como a conservação ambiental pode contribuir para a saúde das comunidades.
A Fiocruz Rondônia, com sede em Porto Velho (RO), promoveu, dentre outras atividades, rodas de conversa sobre o impacto das mudanças climáticas na região amazônica e seu reflexo na saúde pública, com ênfase em doenças tropicais como malária e leishmaniose. Um dos eventos mais apreciados foi a oficina ‘Ciência para Todos: biodiversidade e saúde’, que incentivou os alunos a refletirem sobre a conservação da biodiversidade local e suas conexões com a promoção da saúde.
Na Fiocruz Pernambuco, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer o trabalho do Centro de Referência de Doenças Negligenciadas, que apresentou os avanços no combate a doenças como a dengue e a chikungunya. Outro ponto alto foi o debate ‘Saúde Pública e Inovação: desafios e perspectivas para o Nordeste’, que reuniu especialistas para discutir as principais questões de saúde da região e como a ciência pode contribuir para melhorar a qualidade de vida da população.
E aí, a nostalgia deu um gostinho de quero mais? Então, venha participar da SNCT 2024 na Fiocruz! A programação completa pode ser consultada no site snct.fiocruz.br.