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Por Kelly Toledano

A próxima Semana Nacional de Ciência e Tecnologia na Fiocruz será realizada em breve. Enquanto isso, é hora de relembrar o que foi destaque na última edição de 2024.

A 21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia na Fiocruz se espalhou por  nove estados, com 139 atividades oferecidas dentro e fora de unidades para um público de mais de 60 mil pessoas.

A partir do tema “Biomas do Brasil: diversidade, saberes e tecnologias sociais”, inúmeras ações educativas e culturais foram desenvolvidas no período de 15 a 19 de outubro de 2024, nos Estados do Amazonas,

O evento de alcance nacional contou com parceria da Pró-Reitoria de Extensão | PR-5 da UFRJ e Sesc Rio, além do apoio do CNPq. A realização foi da Fundação Oswaldo Cruz, Ministério da Saúde e Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Destaques na sede em Manguinhos

O Museu da Vida Fiocruz liderou a intensa programação da SNCT no campus Manguinhos, aliando ciência, arte e inclusão. Durante os quatro dias de evento, estudantes de diferentes idades, professores e famílias puderam desfrutar de uma agenda recheada com exposições, visitas guiadas, oficinas, quiz, jogos, contação de histórias, bate-papo com autores, feira de ciências e apresentações teatrais.

A abertura da 21ª SNCT na Fiocruz contou com a palestra “Mulher cientista e negra: padrão ou exceção?”, de Rosy Isaias. Professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e primeira pesquisadora autodecladara negra nível 1 do CNPq, ela falou para um auditório lotado sobre representatividade de mulheres negras na ciência, além de compartilhar sua trajetória pessoal e profissional com os presentes. A palestra e a cerimônia de abertura estão disponíveis na íntegra no canal do YouTube da Fundação Oswaldo Cruz.

Combater a desinformação, aproximar os conhecimentos científicos da comunidade, fomentar o interesse pela ciência e difundir as contribuições da ciência e da tecnologia nos vários segmentos da vida foram os objetivos que estiveram em pauta nas atividades do campus Manguinhos. As ações trataram de temas como biodiversidade, doenças infectocontagiosas e neurológicas, tratamento de água, saúde pública, vacinação e ciclo menstrual, entre outros assuntos. Entre os destaques, estão

ações de acessibilidade, como a maquete tátil do Castelo Mourisco e oficinas e jogos sobre inclusão da pessoa com deficiência e combate ao capacitismo, além da presença de intérpretes de Libras – Língua Brasileira de Sinais. A programação contou ainda com a exposição ‘A fascinante jornada de uma bioquímica húngara até o Prêmio Nobel’, em homenagem à cientista húngara Katalín Karikó (Nobel de Medicina de 2023), realizada em uma parceria com o Consulado da Hungria em São Paulo. .

Também no Rio de Janeiro, a Fiocruz Mata Atlântica realizou atividades cerca de 600 alunos da Rede Pública de Ensino do entorno da Floresta da Pedra Branca, a maior floresta urbana do mundo. A partir do tema “Diálogos em Biodiversidade, Ambiente, Saúde e Tecnologias Sociais para construção de territórios sustentáveis e saudáveis”, os presentes fizeram caminhadas por um circuito das mudas nativas, degustação de mel, visitaram uma exposição e participaram de jogos temáticos que aguçaram o conhecimento sobre o bioma.

Participação se estendeu a municípios periféricos do RJ

Para além da capital fluminense, outras 14 ações foram realizadas em oito municípios da Baixada Fluminense e da Região Serrana, promovendo atividades científicas e educativas em espaços culturais e instituições de ensino.

Escolas dos municípios de Duque de Caxias e São João do Meriti  receberam a oficina de microscopia ‘Há vida em uma gota d’água?’ e a exposição ‘Manguinhos Território em Transe’, que possibilitaram trocas de saberes, ampliação de olhares e novas experiências acadêmicas aos alunos.

A apresentação do espetáculo ‘O rapaz da Rabeca e a Moça Rebeca’ capturou a atenção de estudantes das instituições de ensino por onde passou nas cidades de Magé, São Gonçalo, Mesquita e Duque de Caxias, levando temas importantes como preconceito e infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

Duas outras exposições ocuparam centros culturais. O Sesc São Gonçalo recebeu a exposição ‘Nós no Mundo’ sobre sustentabilidade e consumo consciente. E a Casa de Cultura Galpão 252, em Nilópolis, abriu as portas para a exposição ‘Manguinhos Revelado’, que contou por meio de fotografias sobre a evolução da saúde pública brasileira.

O caminhão do Ciência Móvel passou ainda pelas cidades de Nova Friburgo e São João da Barra, no SESC Grussaí, levando o museu itinerante com atividades lúdicas e educativas.

Envolvimento nos demais estados

O Rio de Janeiro não foi o único estado a receber a programação da 21ª SNCT na Fiocruz. As unidades regionais da Fiocruz Amazônia, Fiocruz Bahia, Fiocruz Brasília, Fiocruz Ceará, Fiocruz Minas, Fiocruz Rondônia, Fiocruz Paraná e Fiocruz Piauí também desenvolveram programação de atividades intensa.

Com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), a Fiocruz Amazônia levou oficinas e rodas de conversa ao município de Tabatinga, no Alto Solimões, a 1.108km de Manaus.. A oficina de ‘Extração do DNA de Células da Mucosa Bucal’ possibilitou o contato de jovens com metodologias e práticas científicas. A roda de conversa que antecedeu os experimentos evidenciou a trajetória da Biomedicina no Brasil entrelaçada à atuação de várias mulheres cientistas. Estas duas atividades foram viabilizadas pelo Programa Meninas e Mulheres na Ciência.

Na Fiocruz Bahia, a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia atraiu estudantes do ensino médio de Salvador e região metropolitana ao Instituto Gonçalo Moniz para participar de rodas de conversa, palestras, oficinas, visitas técnicas e exposições de divulgação científica. A programação também incluiu atividades em escolas da rede pública estadual da capital baiana, e em Cachoeira, com um estande na Casa do Governo durante a Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica), em parceria com a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação. Temas relevantes nortearam as vivências, como saúde mental, biomas da Bahia, emergência climática, tratamento de água, segurança alimentar, benefícios do plantio e os impactos do desmatamento.

A Fiocruz Ceará realizou atividades nos municípios de Eusébio, Monsenhor Tabosa e Santa Quitéria. Em Eusébio, houve uma integração das ações à realidade da comunidade, com destaque para o voo guiado com drones sobre a Lagoa da Precabura para observação da fauna e do bioma local; oficinas de comunicação visual para construção de placas educativas e um cortejo-caminhada com foco na educação ambiental. Em Monsenhor Tabosa, na Aldeia Mundo Novo, e no Assentamento Morrinhos, em Santa Quitéria, estudantes e moradores locais visitaram  exposições e marcaram presença em oficinas de um mapeamento participativo dos elementos que promovem e ameaçam a saúde e a vida das comunidades e do bioma Caatinga. Vale mencionar também a oficina ‘Meninas na Ciência’, que ofereceu um espaço de reflexão sobre equidade nas ciências.

As ações realizadas pela Fiocruz Minas durante a 21ª SNCT na Fiocruz foram sucesso de público. A programação alcançou cerca de 1.500 pessoas, sendo a maioria de crianças e adolescentes de 32 escolas de Belo Horizonte (MG) e outros municípios próximos. Duas grandes exposições atraíram a atenção dos alunos: uma sobre diferentes agravos e prevenção de doenças, como malária, doença de Chagas, esquistossomose; e a outra sobre animais peçonhentos. Diversos jogos desafiaram o público levando diversão e conhecimento. Outro destaque do evento foi a mostra ‘Confluência de saberes nos biomas mineiros: territórios de ancestralidade e tradições com a agroecologia’, com a participação do grupo de congado do Quilombo Córrego do Narciso, bem como indígenas das comunidades Pataxó, Kaxixó, Tikúna e Xakriabá, que apresentaram elementos representativos da diversidade cultural dessas comunidades e a sua relação com os biomas mineiros. As iniciativas foram promovidas em parceria com Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-Minas) e a Fundação Ezequiel Dias (Funed).

A programação da Fiocruz Rondônia na SNCT na Fiocruz 2024 foi maior do que nos anos anteriores. As atividades incluíram a visita de estudantes de escolas públicas de Porto Velho, Candeias do Jamari e do distrito de Jaci Paraná à sede da Fiocruz Rondônia. Incorporaram ainda três eventos paralelos realizados na Escola Estadual de Ensino Militar em Tempo Integral (EEEMTI) Brasília, em Porto Velho: a I Mostra da Amazônia Ocidental de Ciência, o I Simpósio de Mostras Estudantis e o II Circuito Científico da Escola Brasília. Com uma abordagem transdisciplinar, as atividades trouxeram temas como resistência antimicrobiana, venenos e toxinas animais, biodiversidade, preservação e educação ambiental, além de educação e saúde indígena. Houve também a premiação de 18 bolsas de Iniciação Científica Junior a estudantes e cinco bolsas de Apoio Técnico em Extensão a professores.

A Fiocruz Brasília promoveu o evento ‘Expedição pelo Cerrado’ com atrações diversas. Fizeram parte da agenda uma exposição digital interativa e imersiva para alertar e difundir conhecimentos sobre esse importante bioma brasileiro, jogos como a versão adaptada do Super Trunfo, um quiz, um bingo e uma gincana competitiva, apresentação teatral da peça ‘Chapeuzinho Vermelho e o Lobo Cerradinho’, além da presença dos personagens Zé Gotinha e Oswaldo Cruz, que garantiram muita interação com o público.

Com essas memórias, deu pra perceber o quão grandioso é o evento e que vale muito a pena vivenciar tudo isso de pertinho na próxima edição! A 22ª SNCT na Fiocruz acontece de 20 a 26 de outubro de 2025 em unidades regionais de todo o país. Acompanhe as notícias e toda a programação pelo site snct.fiocruz.br e pelas redes sociais.